terça-feira, 23 de novembro de 2010

Primeiro dia de neve de verdade. De verdade por que agora posso ver que os outros dias foram só uma ameaça.
A brasileira boba pegou a câmera e correu para abrir a porta. "Vai sair assim?", disse meu far. "ah é, sapatos e casaco é bom né?'- pensei. Voltei, peguei o casaco. Sai. 'Hum, uma toca seria bom também". Voltei, peguei, sai. "E a luva?'. Resolvi não voltar, vamos logo com essas fotos.
Pisei na neve, o pé afundou. Toquei, textura diferente da imaginada. A mão ficou gelada. No resto do corpo não sentia frio, estava muito ocupada com outros pensamentos.
Fotos, fotos, fotos. Virei criança. "Pena que tenho que ir para a aula, uma guerra de neve, boneco de neve e todas aquelas coisas com neve que se vê nos filmes, agora seria bom"
Terminei com as fotos, fui terminar de me arrumar para pegar o ônibus que chega, pontualmente, as 08:26.
"Hum... ainda são oito horas, o pc tá ligado mesmo, vou aproveitar e verificar a hora do ônibus'. "É, 8:26... Já to aqui, vou ver o facebook... Ah, e os emails... Fudeu, 8:20!!!'
Peguei o batalhão de roupas quentinhas e sai desajeitada, sem as luvas e com o casaco aberto. Nos primeiros passos já descubro que para andar na neve não dá pra correr.
'Porcaria, vou perder o ônibus"
8:25 e ainda to longe. Comeco a colocas as luvas e um senhor em uma moto ri e fala alguma coisa que eu não entendi, devia estar me zuando. Situacão patética. Fechar o casaco nem dá. A blusa de dentro já tá toda molhada. É, a neve é molhada. E fria.
To quase na parada. Escuto um barulho de motor: 'Pronto, o onibus ta saindo", pensei. Aperto o passo, não consigo olhar para a frente por que se levanto a cabeca a neve bate na cara, entra no olho e acredite, dói. Por isso fico olhando para os meus pés desajeitados dentro dos sapatos dois números maior. O alívio vem quando vejo que o barulho que escutei não vem do meu onibus partindo, vem de um caminhão. "Ufa", mas nem por isso afrouxo o passo. Os onibus aqui não costumam atrasar.
Cheguei. Mais gente na parada, tentando se proteger o máximo possível. Entro, vou para o fundo, coloco minha mochila no banco, fecho o casaco e me escondo dentro dele. Quanto menos parte do corpo de fora, melhor.
Um garoto entra ofegante e pergunta: "O onibus das 8:26 já foi?", "Não, não". Todos riem, talvez por que não tivesse sido o primeiro a perguntar. Depois, silêncio. Oito pessoas, paradas, em pé, posição de expectativa, olhando para fora... Cade o onibus? O silencio é cortado por uma senhora que entra "O onibus das 8:26...?", 'Nao, nao, te acalma' Ninguém riu dessa vez, não tem mais graca, o onibus nao chega...
Eu lá dentro, nao tava com frio, só queria sentar, mas os bancos estavam molhados.
Mas algumas pessoas ofegantes entraram, mais espera e então o pontual ônibus das 8:26 chegou, atrasado. É o inverno, a neve traz a lentidão.
Depois de tudo isso, sentei no ônibus atrasado e curti a paisagem. A neve é linda e bem, eu não fui a única a chegar atrasada na escola hoje.

2 comentários:

  1. Que texto legal querida...ritmo gostoso de ler ^^
    Beijo Beijo
    :*

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  2. Texto maravilhoso!
    Vc escreve muito bem, minha filha. Puxou a mãe!
    Alías, acho que vc é melhor que eu.
    Saudades!

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